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olódòdó

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Solange Farkas

Diretora Museu de arte Moderna da Bahia

Outubro de 2009

Há uma linha que conecta distintos campos, distintos espaços, que é o ponto de partida da obra de Silvia Mecozzi. Esta linha nasce no papel, parte da gravura, e transcende a superfície bidimensional onde estava inscrita rumo ao espaço,  como um percurso investigativo a ser vivenciado, trajetória do descobrir-se que anima a relação entre a obra e o espectador.

 

Em Olódòdó (que em iorubá significa flor escarlate) percebemos um dialogo transversal entre a arte e a ciência, que aqui se contaminam e transformam-se mutuamente.

Essa troca permite articular modos de olhar, experiências, reflexões e questionamentos em relação ao individuo a obra e seu entorno.

 

Pois Silvia Mecozzi parte da gênese, do principio- o ponto, e sua repetição, a linha- gerando caminhos traçados que nos convidam a interagir com a obra. A sensualidade latente, advinda da organicidade de suas formas, em contraponto `a aparente frieza dos materiais utilizados em suas obras  tridimensionais, permite não apenas extrapolarmos nossa condição de fruidor passivo, mas questionarmos a própria condição da obra e sua relação com o corpo humano.

 

A instalação aqui apresentada - primeira experiência da artista com o vídeo- potencializa e dá forma a estes questionamentos.Puro movimento em silenciosa e lenta transformação. A linha aqui é transformada em caminho que emana a delicada potência latente do vir a ser, daquilo que pulsa, ainda em gestação, mas que está prestes a eclodir.

 

Angélica de Morares, em texto de apresentação `a exposição da artista na Estação Pinacoteca do Estado de São Paulo, compara a obra de Silvia Mecozzi ao jogo amoroso, ao possibilitar o jogo de atração e sedução entre corpos, entre o espectador e a obra, tornando evidente o canal desejante.

Aceitemos, pois, o convite ao jogo e penetremos neste mundo orgânico e escarlate que é Olódòdó. Lá, onde as coisas se tocam...

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